Vera Vassouras
sexta-feira, 28 de junho de 2013
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Argumentos sobre a consciência cósmica
PRELÚDIOS
Antes de entrar no tema da palestra (1), será interessante
apresentar algumas das atuais teorias relacionadas à COSMOLOGIA, ou seja, à
ciência que pesquisa, através da análise dos corpos celestes e suas relações
entre si, as origens e o funcionamento do universo.
A Teoria da Relatividade de Einstein, em suas próprias palavras,
afirmam os cientistas que com ele conviveram, não era uma teoria completa.
Cientistas da atualidade afirmam que ao formular sua teoria, esqueceu-se de
considerar as causas, desvinculando-as de seus efeitos.
Esta afirmação de cosmólogos e astrofísicos está baseada nos
argumentos do próprio cientista que afirmava saber, de antemão, que sua teoria
era um ponto de vista matemático e geométrico em relação à matéria e ao espaço.
O que se quer fixar, para futuras análises dos interessados, é que
a teoria da relatividade, baseada exclusivamente nas questões relativas à
matéria, espaço e gravidade, como tantas outras teorias, já caiu por terra,
embora ainda tenha adeptos, incapazes de indagar sobre o sentido prático da
referida teoria em relação à plenitude da existência.
Muito bem, muitas teorias sobre as origens e formação do universo
foram substituídas pelo que se denomina: “A teoria do universo elétrico”.
Do ponto de vista filosófico, afirma-se que esta teoria PODE ABALAR
TODAS AS ESTRUTURAS DO CONHECIMENTO HUMANO, pois, assim como fez Jung no campo
da psicanálise, da psiquiatria, da psicologia e da alquimia, SINTETIZA TODO O
CONHECIMENTO SOBRE A ORIGEM DO UNIVERSO, DO QUE SE COMPÕE E COMO TERMINARÁ.
Não se está a afirmar que houve uma descoberta, mesmo porque na
natureza, nada se descobre, senão que é redescoberto; afinal, não existe
nenhuma indústria humana que a natureza já não tenha produzido, sendo o ser
humano apenas um observador e reprodutor.
O que é deslumbrante nesta teoria do universo elétrico é a
demonstração, em variados experimentos, de que a interpretação dos Mitos
Universais como fantasias e do Mito Ocidental da ciência como sinônimo de
verdade, morrem ambos, como verdades absolutas. É o fim do mundo para os
cientistas materialistas.
O cientista David Talbott já afirmara, há anos, que a chave para as
perguntas sobre a origem, a composição e os fins do universo estava na
eletricidade.
Da unidade dos Mitos
Joseph Campbell e Jung contribuíram, em altíssimo grau, para a
compreensão da unidade dos mitos e, agora, a ciência cosmológica, chamada como
RAINHA DAS CIÊNCIAS pelos cosmólogos, também afirma tal unicidade a partir dos
eventos cósmicos que lhes deram origem.
Assim, a síntese entre a mitologia antiga, a física plásmica e a
astronomia confirma a unidade universal, baseada na genealogia das divindades e
na morfologia do plasma.
O que posso afirmar sobre o PLASMA é:
- confirma uma estrutura elétrica do universo;
- tem uma similaridade com o plasma sanguíneo;
- sua estrutura é de expirais de correntes elétricas;
- está presente em todo o universo físico;
- produz correntes elétricas introduzindo um novo estado
fundamental da matéria: o plasmático, além do sólido, líquido e gasoso já
conhecidos e,
- atua como cabo de transmissão de correntes elétricas em
filamentos de luz.
Essas correntes elétricas, quando se manifestam muito difusas pela
perda de energia relacionada com sua longa trajetória, são INVISÍVEIS.
Quando muito concentradas, como no sol, são visíveis e resplandecem.
A energia plasmática está presente nas nebulosas, nos prótons e
elétrons que compõem toda a matéria orgânica. Não seria o caso de fazer uma
analogia sobre os grandes temas de unicidade espiritual desenvolvido através
dos tempos, com especial atenção à filosofia espiritualista SUFI? E o universo,
sem forma e que contém todas as formas, sem começo e sem fim, presente em cada
átomo e no espírito humano, ao qual deram o nome de ALLAH?
(1)
Esta
palestra ocorreria no dia 17 de junho de 2012, na feira holística Anjos da Luz.
A convergência galáctica nada mais
é do que um chamado,
talvez o último chamado à consciência e cuja
voz, inaudível aos ouvidos, só poderá ser compreendida pelos ouvidos internos,
localizados nas profundezas da alma.
Agora mesmo, neste exato momento,
enquanto falamos, vários milhões de máquinas esforçam-se para se aniquilarem
umas às outras. Em que então elas diferem? Onde estão os selvagens e os intelectuais?
São todos a mesma coisa: Máquinas”. Gurdjieff
Esse é o fim do mundo, de uma visão
de mundo,
desejado por todos, sentido por
alguns, acelerado por milhões e aguardado silenciosamente por poucos.
2012 – De criatura a criador - Argumentos
sobre a possível transformação da consciência em consciência cósmica
Primeiro
argumento - A vida terrestre só existe devido às influências cósmicas
O estudo de todas as tradições
astrológicas das antigas civilizações: grega, árabe e egípcia, a mitologia dos
povos da América do Sul e o conteúdo da alquimia medieval, sempre afirmaram que
todas as criaturas do planeta Terra estão sob a influência das emanações solares,
lunares e planetárias. No decorrer da história, as várias tentativas de
catalogação dos seres humanos tinham como fonte tais teorias. Essas tradições
foram deturpadas, justificando a criação de ordens religiosas católicas, sistemas
de castas e classificações sanguíneas. No campo da psicologia foram catalogadas
como tipos e temperamentos, e na psiquiatria, como tipos lunáticos para os
dementes ou venéreos para aqueles que apresentavam doenças oriundas da prática
da sexualidade.
OS MAIAS
Os maias, afirmam os estudiosos
da antropologia, surgiram no território denominado América Central por volta de
12.000 anos, desaparecendo, após a tentativa de extermínio produzida pelo
expansionismo espanhol, no ano 830 do calendário judaico cristão.
As teorias consideradas como clássicas,
sem considerar o ato da invasão e extermínio perpetrado contra o povo Maia,
afirmam que desapareceram misteriosamente e abruptamente, todavia, sabe-se que
ainda existem vários remanescentes desse povo no México, Guatemala, Honduras e
Belize.
Os maias eram pesquisadores
incansáveis da ciência que mais tarde recebeu a denominação de Astrofísica.
Através da observação dos movimentos planetários, legaram à humanidade seu
Tzolkin ou o calendário sagrado. A principal característica do calendário lunar
é o movimento lunar que coincide com o ciclo menstrual da mulher, ou seja, um
mês com 28 dias.
Para os maias, a memória tem um
encadeamento interdimensional ao qual denominam Zuvuya. Zuvuya é um canal que
atua de modo individual e coletivo, unindo o passado e o futuro, em ondas
eletromagnéticas, sofrendo influências cósmicas e com elas interagindo.
O centro da galáxia emite, de
tempos em tempos, um raio cuja atuação tem 5.100 anos. O raio galáctico Kunab
Ku atingirá, segundo a teoria maia, seu máximo ponto de atuação no ano de 2012.
No ano de 2012, um novo ponto evolutivo será atingido, nascendo, então, o
humano planetário multidimensional e, portanto, com consciência galáctica. Na
concepção maia, as pessoas devem sintonizar suas ondas cerebrais
simultaneamente às ondas do planeta Terra e do Sol para conseguir esta sintonia
com as ondas galácticas e com o universo, ultrapassando, assim, os limites
tridimensionais e entrando na quarta dimensão, que é a dimensão do tempo.
A conexão implica, por exemplo,
em corrigir os erros, concentrar-se na própria verdade e afastar-se do
materialismo da terceira dimensão, reativando a comunicação com o sistema
planetário através de uma “experiência com a verdade”.
A convergência galáctica, cuja
influência atingirá seu ápice em 2012, é a possibilidade de transcendência do
homem a dimensões mais elevadas.
Segundo argumento – A existência decorre dos ciclos cósmicos
O homem integra o cosmo, tenha
ele consciência ou não. Todas as mitologias, forma tradicional de análise
psicológica do indivíduo e das comunidades, em todas as civilizações
conhecidas, afirmam a criação, a maturação e a dissolução do mundo. A criação é
um ciclo cosmogônico como afirma Joseph Campbell, “e apresentado com surpreendente
consistência em todos os escritos sagrados de todos os continentes”. No
âmbito pessoal, a aventura individual é aquela da redescoberta da visão
cósmica, como um renascimento, uma renovação. Conclui-se que todo o destino de
cada ser humano, regido por leis cíclicas, está sob a influência das emanações
planetárias, solares e galácticas.
Assim como o macrocosmo está
inserido em ciclos planetários, o ser humano, como microcosmo, também tem seus
ciclos de existência. Nascimento, vida e morte, portanto, todas as
manifestações estão sujeitas a um processo de correlação constante e necessário
em ciclos universais.
A pesquisa sobre os ciclos de
existência impõe analogias com os ciclos das civilizações. A antropologia
descobriu civilizações muito mais avançadas do que a chamada civilização
contemporânea, e os maias são um exemplo do esplendor e decadência fatídicas da
vida e morte do ciclo vital das denominadas organizações sociais.
Além da harmonia entre as
mitologias e a história quanto aos períodos cíclicos das mais variadas durações
(o ciclo de uma célula, de uma abelha, de uma árvore, de um animal, etc.), se
inserirmos as descobertas atômicas da física nuclear, pode-se afirmar que não
existe um fim de mundo, senão fins de mundos, de vários e múltiples mundos.
Se todas as manifestações são regidas
por leis cíclicas, o ser humano está sob a influência de emanações planetárias,
solares e galácticas.
O padrão harmônico do Tear Maia
busca correlacionar as estruturas mentais com as frequências harmônicas,
todavia, afirma José Arguelles, a estupidez humana a impede de perceber, com o
próprio corpo, tais frequências.
Estas estruturas ressonantes são
modelos constantes que contêm o inconsciente coletivo da humanidade e são
denominadas, por Jung, de arquétipos, ou padrões que transcendem o tempo e
o indivíduo.
Terceiro argumento – A ciência ocidental está aprisionada ao
materialismo
Arguelles afirma no livro “O
fator maia”, que a “ciência do conforto tecnológico destrói os sentidos,
impedindo e diminuindo nossa capacidade de percepção, dando origem a uma “paralisia sensorial” que prejudica
nossa capacidade de recepção de informações que não estejam fundamentadas
na matéria".
O organismo humano individual e
coletivo está contaminado por resíduos tóxicos produzidos por estímulos
artificiais, bloqueadores dos receptores sensoriais. Com a perda da capacidade
de comunicação com a fonte primária de informação galáctica, caminhamos para a
desagregação psicótica dos sentidos.
Absorvidos diariamente por
paradigmas de dominação “um clero branco, masculino, neoprotestante que defende
sua objetividade científica nas ações do poder político planetário” é o que
paralisa e aprisiona a realidade criando reflexos dissonantes, transformando a
vida na Terra em um manicômio, cujas bases estão fundadas em teorias
materialistas de degradação do conceito de humanidade.
Pietro Ubaldi afirma em sua
magistral obra “A Grande Síntese” que a existência ocorre: “Das nebulosas ao átomo, do átomo ao mineral, do mineral ao homem e,
novamente, do homem às estrelas”. Esta é a ciência de Pietro Ubaldi.
Afirma que a chamada ciência quer
atingir, e aparentemente atinge, por meio de tecnologias variadas, uma
uniformidade, uma uniformização redutora de todos os conhecimentos à
quantidade, solidificando o mundo. Esta uniformização retira todas as
qualidades das pessoas, reduz todo o conhecimento à quantidade e as pessoas a “unidades numéricas, criando uma hegemonia
da quantidade sobre a qualidade”.
René Guénon, no Livro “O Reino da
quantidade e o signo dos tempos” afirma que o “científico é apenas o que pode
ser calculado” quando a realidade demonstra que o que é menor em quantidade é,
todavia, maior em qualidade (vide o exemplo da semente da mostarda).
O critério da verdade, paradigma
da ciência, está fixado no êxito, no poder aquisitivo, no moralismo destituído
de sentido ético, sem quaisquer influências espirituais, reduzindo tudo à
matéria.
Este racionalismo separa, não unifica,
confunde, não esclarece, divide, enfim. Projeta no mundo uma simplificação
doentia de todos os fenômenos, isolando os seres humanos como entidades-máquinas,
cuja autonomia é traduzida por automatismos, levando-os a uma existência
fragmentária.
Uma ciência incapaz de humanizar
e civilizar, uma ciência de caráter profanador, uma ciência sem ética,
condicionando o ser humano a se transmudar em uma máquina insensível é, como
consequência lógica, incapaz de sincronização planetária.
Jung afirma (O problema
fundamental da psicologia contemporânea):
“Sob o
influxo do materialismo científico, tudo o que não se podia ver ou tocar se
torna duvidoso; mais ainda, suspeito por pertencer à esfera metafísica. Somente
se considera científico, e, portanto, admissível, o que se podia reconhecer
materialmente ou deduzir de causas materiais perceptíveis... a verticalidade do
espírito... ficou cruzada pela horizontal da consciência moderna. A consciência
já não se desenvolve para o alto, senão em largura, tanto do ponto de vista
geográfico (invasões territoriais) como desde a visão do mundo... considera o
espírito em absoluta dependência da matéria e das coisas materiais.”
Quarto argumento – A violência não tem bases biológicas
A festejada teoria da evolução
produziu, sob os auspícios da elite anglo-saxônica, protestante e branca, uma
ficção científica aperfeiçoada por uma engrenagem acadêmica e publicitária, disseminando-se
pelo planeta. Orientou a psicologia das massas ao afirmar que a evolução ocorre
pela força, sob o argumento historicamente ultrapassado pelas ciências físicas,
astrofísica, cosmológica e antropológica, de que a evolução só ocorre na sobrevivência
do mais forte. Em outras palavras, somente aqueles destituídos de amor pelo
próximo é capaz de evoluir. Essa evolução é evolução exclusivamente material e,
quanto maior, maior a degradação moral de suas elites.
Fundamentado em um dualismo
(bom/mau, pecado/virtude, etc.) destituído de sentido, o dogmatismo cristão,
por sua vez, educou gerações de crianças inocentes sob a crença na maldade e
egoísmo primitivo da natureza humana. Nada mais falso e cuja falsidade é vista,
sentida e ouvida em todas as direções do planeta, seja através da análise do
comportamento esquizofrênico dos autodenominados adultos, seja pela insistente
solidariedade praticada pelas vítimas permanentes desse pensamento maligno.
Contrariando a dogmática,
escolástica cientificista, acadêmica e filosófica de apoio às teorias de
dominação, os estudos das civilizações já provaram que a evolução só ocorre
através da ajuda mútua e solidariedade, ao invés de lutas de competição. Se a
evolução só ocorresse entre os mais fortes contra os despossuídos, não
existiria nenhum rastro dos descendentes de antigas civilizações tais como os
palestinos, os índios sul-americanos ou os negros sequestrados ou exterminados
para fora ou dentro do território africano.
Henry Laborit (Deus não joga
dados) afirma:
“Ora, no nível hoje atingido pela
espécie humana, a competição desempenha com certeza um papel no progresso
tecnológico; mas, que influência teve ela na evolução do conhecimento que o
homem possui de si mesmo? Não terá sido ela que preteriu o que une cada homem a
todos os outros, e que só valorizou o que os distingue, separa, opõe, ativa a
agressividade, individualmente ou em grupo, uns contra os outros?”.
Há muito está comprovado que a
constituição do universo evolui das partículas mais sutis presentes em toda a
matéria. A conclusão é que a fonte da vida é uma fonte comum que une todos os
seres vivos: animais, vegetais, minerais, enfim, todas as espécies das quais
descendemos e das quais dependemos (veja-se o poder das pedras no uso da
tecnologia). Somos seres cósmicos, tenhamos consciência ou não.
O que deverá determinar a
evolução é a aceitação de que a agressividade dirigida, real ou simbolicamente
contra outros seres vivos, escolhidos, covardemente, entre aqueles que não têm
capacidade de defesa (dentre as plantas, minerais, animais, os despossuídos e
suas crianças) ou daqueles que não conseguiram evoluir materialmente, deve
terminar ao extinguir-se a falácia religiosa e política das hierarquias
hereditárias fundamentadas na violência, na força e na ignorância.
A afirmação trivial e reiterada
sobre o egoísmo natural do ser humano, alimentada pelos condicionamentos dos
automatismos culturais, gerou uma agressividade que não tem sentido. Basta
observar o chamado mundo animal. Sem bases biológicas, este comportamento
deverá ser extinto, como se extinguem os mundos. O desaparecimento do egoísmo
imposto pelos comportamentos autômatos nessa repetição mecânica estimulará a
compreensão da necessidade de uma nova organização humana, baseada na harmonia
e no respeito mútuo; no entanto, esta construção de uma nova mentalidade não
será apenas aquela das ideologias formalistas dos sistemas de dominação.
Quinto argumento – O processo vital é processo psíquico
A energia cósmica também é
energia psíquica, pois o processo psíquico é processo vital. O processo
psíquico, portanto, não pode estar separado do processo físico, isto é,
biológico, do qual é dependente. Em decorrência, todos os sistemas orgânicos,
supridos continuamente pela nutrição e pela respiração, também são alimentados
pelas impressões do meio ambiente, impressões externas. Ora, para que aconteça
o ato do conhecimento, para que o conhecimento ocorra, é necessário que o
indivíduo sinta a necessidade psicológica de uma compreensão lógica dos
acontecimentos que o atingem.
O conhecimento depende da
linguagem, entretanto, seu arcabouço conceitual, controlado culturalmente, deve
ser abandonado, eliminando os registros permanentes (no inconsciente) que
estimulam ou reprimem as manifestações da personalidade; todavia, as
representações exteriores e a repressão permanente impedem não só a compreensão
lógica do sistema linguístico dos signos de dominação como também bloqueia a
criação de novos conceitos e estímulos relacionados à livre manifestação da
linguagem e, portanto, do pensamento e, enfim, da realidade dos fenômenos da
existência individual e coletiva.
O sistema repressivo, ademais,
atinge mortalmente todos os campos do conhecimento. Por outro lado, seres
humanos, mergulhados em uma existência medíocre, não ousam enfrentar o sistema,
negligenciando seu potencial criativo, esquecendo-se de que são co-criadores
universais. Essa negligência é a principal causa para o não surgimento de novas
condições psicológicas exigidas para o ato do conhecimento, fonte da abertura
dos centros emocionais da criatividade.
Não bastassem os obstáculos
culturais à harmonia, e o desconhecimento intrínseco de sua própria natureza, o
ser humano despreza suas ambiguidades, mantendo as mentiras sobre si mesmo.
Alguns, vestidos com a aura exotérica, caminham pelo planeta como sonâmbulos,
completamente adormecidos entre os agrupamentos conduzidos como rebanhos
obcecados por desejos artificiais, impulsos irracionais e subserviência
genética. Alimentam e, ao mesmo tempo, alimentam-se dos subsistemas inseridos
no amplo sistema de dominação, em outras palavras, alimentam-se dos mais fracos
e menos organizados. Uma nova fórmula de canibalismo.
A manutenção da vida implica em
um equilíbrio entre as funções biológicas e, portanto, físicas e psíquicas. No
entanto, o controle químico da alimentação, o controle político dos
comportamentos e o controle psíquico decorrente da imposição de uma vida
mecânica e artificial, transformam a busca da evolução em fenômenos
extremamente delicados, origem de sofrimento e dor. Obviamente isso não é
desejado por ninguém. Aquele que procura fugir do lugar comum, das atividades
comuns, do pensamento comum é, em todos os tempos e em todas as épocas, não só
desconsiderado, como obrigado a viver em solidão, incompreendido, humilhado e rejeitado.
Triste saga de quem ousa forjar uma individualidade num mundo de coletividades
uniformizadas e uniformizantes.
Porém, antes que se instale a
consciência dentro do processo psíquico, será preciso forjar uma
individualidade, uma personalidade com um caráter desenvolvido, uma existência
voltada à totalidade, equilibrada em todos os aspectos: biológicos, sociais e
espirituais, enfim, uma moral de um indivíduo superior, com uma sensibilidade
superior.
É preciso admitir o destino
cósmico ao qual estão submetidos todos os seres viventes, direcionando a
individualidade a uma nova consciência. A história do pensamento humano está
repleta de exemplos de homens de consciência superior. E, parafraseando Osho,
salienta-se que Buda não criou o budismo que segrega e separa. Cristo não criou
o catolicismo que impõe, pela força, através dos séculos, a indiferença à dor
do outro, segregando e separando. Mohamad, que criou o mais sofisticado arcabouço
comunitário em sua época para as épocas vindouras, é compreendido por poucos e
sua poesia tem sido incapaz de mudar a consciência dos muçulmanos que ainda não
tem ouvidos para preciosa lição alcorânica de tolerância e aceitação das
diferenças culturais.
Ouspensky diz que a “evolução do
homem é a evolução de sua consciência. E a consciência não pode evoluir
inconscientemente. A evolução do homem é a evolução de sua “vontade” e a
vontade não pode evoluir involuntariamente. A evolução do homem é a evolução de
seu poder de “fazer” e fazer não pode ser resultado do que “acontece”. A
evolução, enfim, não poder ser imposta ou adquirida por meio de falsificados
rituais de iniciação, cuja qualidade profana encontra-se normalizada pelo
comportamento sociopata de seus adeptos.
Ouspensky afirma que a vida na
Terra é, ao mesmo tempo, percepção e radiação e diz:
“Se o homem pudesse compreender
todo o horror da vida das pessoas comuns que giram em torno de um círculo de
interesses e metas insignificantes; se pudesse compreender o que elas perdem,
compreenderia que só pode haver uma coisa séria para ele: escapar da lei geral,
ser livre. Para um homem na prisão e condenado à morte, que pode haver de mais
sério? Uma só coisa: como se salvar, como escapar. Nada mais é sério”.
E, afirmando ainda uma vez que
toda a matéria é atravessada pela matéria existente no universo, continua:
“O homem que não busca desenvolver
funções superiores de consciência é um homem inacabado. Das espécies de
alimento, o que comemos, o que respiramos, as impressões externas de ordem
sonora, visual e olfativa com sua carga vibracional, penetra no organismo
humano e o alimenta com emoções, pensamentos e sensações. As impressões e seu
impacto na psicologia humana é o mais importante alimento pelas propriedades
químicas e físicas que pode produzir”.
Na ordem cósmica, “cada espécie de criatura, cada grau de ser
é definido ao mesmo tempo pelo que lhe serve de alimento e por aquilo a que ele
serve de alimento”. (2)
E sobre a possibilidade de
evolução, Jung afirma: “A agonia da ultrapassagem das limitações pessoais é a
agonia do crescimento espiritual. A arte, a literatura, o mito, o culto, a
filosofia e as disciplinas ascéticas são instrumentos destinados a auxiliar o
indivíduo a ultrapassar os horizontes que o limitam e a alcançar as esferas de
percepção em permanente crescimento”.
Nesta era tecnológica, o humano em
formação deverá ultrapassar (e, ainda, sem danos) toda a complexidade caótica
dos comportamentos condicionados, abandonar a comodidade de “religiões de
conveniência” e rejeitar os argumentos analógicos de sua ciência utilitarista. “Deveríamos ser guiados por aquilo que é
comum a todos”, diz Ouspensky.
É de
conhecimento geral que a tecnologia produz campos magnéticos, criando descargas
energéticas no planeta e, portanto, nos seres viventes. Esse aumento de
pulsação muda o metabolismo das pessoas, criando a sensação de aceleração do
tempo. A sensação de aceleração do tempo traz como consequência a aceleração do
ritmo de vida (em cujas grades o sistema aprisiona a existência, apropriando-se
do tempo de vida com o argumento da organização social). O ritmo de vida muda o
sentido de duração funcional do tempo, causando todas as espécies de
transtornos na saúde física e mental dos indivíduos (conhecidos e os que estão
para serem criados, para o acúmulo de riquezas das psico-farmaco-terapias),
aumentando as epidemias, com ênfase na desorientação do pensamento. Vivendo
numa linha de produção, sem o poder de atuar a partir do âmbito de seu tempo
pessoal, não há possibilidade de um pensamento divergente, isto é, não linear,
fora da manufatura do conhecimento. Em decorrência dessa inércia mortal
impeditiva de qualquer experiência estética de criação individual, as pessoas,
anestesiadas, mergulham sua vida num mar de vulgaridades, embora sucumbindo em crises
existenciais periódicas. Em seu socorro, a psiquiatria medicamentosa se
apresenta para ajudar na ilusão do convívio pessoal, criando um curto-circuito,
desequilibrando as energias psíquicas, mantendo o doente, então, na mais vil
escuridão e irresponsabilidade, como primata que ainda não consegue acender o
próprio fogo.
Vitor
Hugo, citado por Lowis Pauwels e Jacques Bergier, no estudo sobre Shakespeare,
diz: “... Ninguém vê impunemente esse oceano... Ele obstina-se nesse
abismo atraente, nessa sondagem do inexplorado, nesse desinteresse pela Terra e
pela vida, nessa entrada do proibido, nesse esforço de tatear o impalpável,
nesse olhar sobre o invisível, ali volta, ali regressa, ali se agarra, ali se
debruça, ali dá um passo, depois dois, e é assim que penetra no impenetrável, e
é assim que avançamos no alargamento sem limitas da condição infinita.”
A maioria
da população planetária desconhece a sua constituição biofísica e
biopsíquica, vive em condições indignas, inaceitáveis e na mais completa e
cínica desconsideração. Há, também, milhares de seres planetários que detêm o
conhecimento científico, todavia, seu comportamento é de agentes da
degeneração, da violência e do extermínio. Ao se submeterem aos privilégios
materiais sem qualquer amor pelo seu ofício, por sua denominada ciência, sem
qualquer responsabilidade planetária pelo equilíbrio psicológico dos povos,
agem como se fossem saqueadores da vida, exterminadores do futuro, serviçais de
uma estrutura demoníaca.
Se os
humanos admitissem que os organismos são sistemas de absorção e degradação de
energia solar; se observassem com visão científica que as aparentes diferenças
entre os seres vivos, das moléculas ao homem, registram-se somente em
seus níveis de organização desde a matéria inanimada e que, no nível dos
deslocamentos dos elétrons, no nível de organizações atômicas, das reações nas
cadeias metabólicas, celular e das trocas de energia, a essência e a identidade
da fonte primária são sempre as mesmas, um grande avanço seria dado
no caminho para fim desse mundo caótico e irracional.
O fato de
não conseguirmos traduzir a linguagem dos fótons, da luz, das radiações solares
e outros fenômenos energéticos, não significa que não existam, afinal, a vida é
energia e energia vital é energia solar, energia planetária, energia cósmica,
cujas informações elétricas, em linguagem desconhecida aos nossos órgãos
limitados dos sentidos é, todavia, confirmada pelas reações biopsíquicas.
A
resposta às informações emitidas pela linguagem dos fótons de luz depende da
atividade do organismo e das finalidades do grupo e da espécie à qual
pertença. Na inconsciência, e prisioneiro das sombras arquetípicas de primatas
caçadores, está linguagem jamais poderá ser captada, pois, como afirma OSHO, “a
ignorância é a raiz de toda limitação”.
Sexto argumento – A comunicação da linguagem é sempre ato de
simulação
Ora, a linguagem é informação
circulante que, de um nível de organização a outro, permite a coerência de um
sistema. A autoridade da linguagem ocorre por sua coerência ao sistema,
todavia, a desorganização, o caos e as epidemias de nosso sistema de vida
são a prova de uma incoerência que retira das abordagens científicas tudo
o que a ela se impõe sob o argumento da verdade. Ela mesma, autoridade
científica, não passa de um servidor do sistema de dominação na simulação da
linguagem que se quer impor e se impõe, pela força da repetição doentia, aos
sentidos.
Não se pode olvidar que o
conceito nasce de uma formulação elitista. No caso ocidental, foi iniciada
pelos enciclopedistas e desenvolvida pelos dicionaristas a soldo das academias
de ciências.
Se a mensagem da comunicação da
ciência deve ser a priori à verdade, o que se tem entendido por ciência não
passa de simulacro e o que se quer colocar como científico, meras simulações.
Na linguagem libertária de Jean Baudrillard, o conhecimento é produzido por
matrizes de comando, modelos que afastam toda a referência científica:
“Dissimular é fingir não ter o que
se tem. Simular é fingir o que não se tem”.
Ora, uma ciência preocupada
exclusivamente com a manutenção e alimentação de um domínio artificial é uma
ciência da criminologia, uma ciência da loucura, uma ciência que não se
envergonha em manter crianças inocentes em suas prisões chamadas escolas, nas
quais a estratégia do sacrifício extermina a realidade na alienação coletiva.
Qualquer desconfiança na
veracidade desta informação será superada por uma rápida visada nos dicionários
indicados às crianças com o objetivo de sua alfabetização. Os verbetes
indicados são quase todos, sem exceções, instrumentos de alienação ao sistema capitalista,
consumidor, violento e irracional.
O sentido, a verdade e o real
perdem-se nas “redes psicotrópicas e
informáticas de pilotagem automática dos indivíduos, ao lado do condicionamento
publicitário”. A publicidade aparece como um acelerador dessa inércia.
Publico-me, logo existo, num jogo de encenações, cujo significado é pressentido
e vivido entre consumidores e consumidos. Mercadorias e marcas.
Nesses universos artificiais, a
linguagem se transforma em publicidade, não há como negar que não só intervém
no comportamento individual, como, também, estimula a agressividade e a
competitividade, excluindo aqueles que não se submetem à programação
publicitária. A psicologia da linguagem é também um negócio corporativo do
sistema de dominação, das escolas às universidades, das universidades às
academias de ciências e destas ao sistema político mundial. Enquanto
consumidores e reprodutores, estampados como filósofos e cientistas alimentam o
sistema com os símbolos de agressividade indispensáveis à mercantilização do
crime, sua titulação permanecerá apenas como a marca das mercadorias-engrenagem
do sistema.
Mas, o simulacro processa,
condena e julga individualmente as vítimas da cegueira competitiva de
reprodução de violência e desigualdades e, quando condena, condena-se a si
próprio, embora não o saiba ou finja desconhecer. Todavia, para os espectadores
passivos, pacificados e pacificadores, os simulacros da igualdade, liberdade,
fraternidade e democracia tem seu significado na arquitetura das prisões,
forjadas nos salões dos passos perdidos da impunidade, muito além dos limites
da barbárie, na linguagem fantasmagórica do medo, do ódio e do desprezo por
tudo o que é vida, movimento, criação independente, individual e livre.
Nietzsche afirma que a linguagem
pertence, por sua origem, a mais rudimentar forma de psicologia. A comunicação
é, neste sentido, um psicotrópico, cuja mensagem subliminar só é compreendia
pelos sintomas de angústia, medo, exaustão e infelicidades e felicidades
eternizadas por artefatos e artifícios.
A humanidade, conduzida por
mistificações numa concepção linear do tempo, é projetada a um futuro
apocalíptico gerado no ventre da cultura judaico-cristã. Sua maior façanha é aprisionar
o imaginário coletivo dentro de seus muros das lamentações, enquanto a
publicidade das guerras ecoa para além dos cadáveres que a mentalidade criminal
produz milenarmente, nos cultos da demo-cracia.
Esta horizontalidade sem
profundidade espiritual é o que tem mantido por mais de dois milênios o método
que se fixou na psicologia humana, no símbolo do carpinteiro crucificado: a
tortura. Tortura diariamente adorada, analisada, discutida, festejada e
eternizada coletivamente, sem nenhuma ética cristã que impeça essa reprodução
macabra.
O pensamento nivelador, que
exclui a priori a verdade biológica, física e psicológica da alma, em
decorrência da circulação, embora na maioria das vezes distorcida das
informações, está em vias de extinção e é esta a mensagem explícita e implícita
conduzida por toda forma de resistência.
Muitos, enfrentando e desafiando a agressividade do sistema de
degeneração, à custa da própria vida e liberdade, provocam-nos a construir um
destino universal, uma alma universal, um sistema harmônico e planetário de
unidade espiritual.
Sétimo argumento - harmonia é sincronização
Somente os psicopatas poderão
afirmar que a existência é somente gozo e satisfação de prazeres; que a vida
não é morte e que a morte não é a prova da unidade orgânica que forma e (in)
forma o planeta. Somente o espírito da ignorância e a inércia dos adormecidos
poderá manter a inegabilidade da existência de uma energia psíquica, uma
libido, um poder criador, uma ligação inexplicável que todo o ser humano mantém
no interior de si mesmo. Uma vontade de ser, de poder, de fazer.
Essa ligação com o universo
cósmico é inelutável, muito embora se tente olvidá-la sob os véus da
ignorância.
Criador, criatura, fenômeno
elétrico, biológico, psicológico que impele o homem a criar-se a si mesmo e,
criando-se, fuja da prisão dos campos de concentração e da inércia artificial
imposta pelo sistema de dominação e encaminhe-se aos vastos campos de sua
própria criação.
Goethe, citado por Jung diz:
“Todos nós temos certas forças
elétricas e magnéticas dentro de nós e exercemos um poder de atração e repulsão
dependendo do contato que tivermos com algo afim ou semelhante”.
A sincronização galáctica
(alinhamento planetário) é um fato científico que poderá ser verificado através
do estudo da astrofísica. É fato científico. Se aproveitarmos a influência
cósmica, simbolicamente, pelo mínimo, abdicando de nossa ociosidade e
abandonando os preconceitos adquiridos por contágio cultural, contataremos a
possibilidade de obter novas bases teóricas e experimentais em direção da
evolução planetária, colaborando com o fim desse ciclo de violência e cegueira
espiritual, buscando criar aquele a quem Nietzsche chamou de super-homem.
O semelhante atrai o semelhante.
No entanto, será preciso radicalizar
nosso comportamento em relação ao que é verdadeiro e o que é simulação em nós
mesmos, admitindo-nos como insignificantes células, átomos ou moléculas de
grupos sociais com as quais interagimos ou para os quais existimos por força
das circunstâncias, pelo destino ou livre escolha.
Jung fala o seguinte sobre a
verdade:
“.... Quantas vezes não vimos a
verdade condenada! É triste, mas, infelizmente, é verdade que os homens não
aprenderam a lição da História. Este fato mostrará as maiores dificuldades,
pois, ao nos depararmos para recolher o material empírico que lançará um pouco
de luz sobre um assunto tão obscuro, estamos certos de encontrá-lo justamente
onde todas as autoridades nos garantiram que nada poderia ser encontrado”.
A verdade, porém, é uma
experiência individual. Não pode ser ensinada, não pode fazer parte do
conhecimento emprestado, não surge do acúmulo de informações. A verdade é a
experiência da verdade e “acende uma luz na tumba da existência”. ´
É um terceiro olho. O homem que
se vê apenas como um corpo perde a dimensão do desconhecido, refugia-se em um
passado que não lhe pertence, um passado emprestado, tóxico, ilusório, não vive
sua própria vida e o carrega como um fardo ao longo de sua existência,
permanecendo sem direção. Seus sentidos são programados, sua sensibilidade é
programática, portanto, hipócrita. É, enfim, “uma sombra da altura que poderia
alcançar”.
Quando este fardo do passado está
composto por ideias, fatos e interesses exclusivos de um grupo ou de uma forma
de organização, seja ela social, religiosa, sectária, partidária, etc., a
existência não passa de uma escravidão e o indivíduo, sem individualidade,
caminha como o louco das cartas do Tarô, desinteressado pelo demônio
escravocrata que se alimenta de sua existência. Sua existência é apenas um
alimento da engrenagem que o concebeu como um autômato reprodutor.
Osho diz que “Um homem de conhecimento não pode ser escravizado nem escravizar
ninguém... pois, um homem de conhecimento não pensa nem vive em termos de
domínio, de posse ou de poder sobre outros homens”.
O poder, portanto, é o poder
individual que nasce a partir do desenvolvimento de uma consciência crítica,
cuja flecha deve estar voltada para dentro de si mesmo. Da célula à molécula,
da molécula ao mineral, do mineral ao vegetal, do vegetal ao homem, do homem à
consciência cósmica e da consciência cósmica à harmonia universal.
Vera Vassouras
(2)
- Infelizmente, afirmar que
esta frase deve ser analisada dezenas, centenas e milhares de vezes, ensejará
mal-estar, portanto, limito-me a reproduzir, mais uma vez, a frase atribuída ao
carpinteiro preso, torturado e crucificado diariamente: “quem tenha olhos que
veja e quem tenha ouvidos que escute”.
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